logo - comitê de biomecânica

fundo conteúdo

home > projetos > projetos em andamento

 

projetos


 

Análise Numérica da Resposta de Implantes Odontológicos de Liga Superelástica

 

Dentes naturais são envolvidos por um tecido conjuntivo denominado ligamento periodontal. Quando uma carga é aplicada sobre os dentes, tem-se um amortecimento natural promovido por esse tecido, que é também responsável pela paralisação da mastigação quando algum objeto muito duro é entreposto entre os dentes. Já as forças aplicadas sobre os implantes, durante a mastigação ou durante uma parafunção são transmitidas diretamente para o leito ósseo por falta do ligamento periodontal. Uma sobrecarga no sistema osso-implante pode levar à reabsorções ósseas indesejadas ou até a fraturas de componentes desse delicado sistema.

O uso de ligas superelásticas como componente desse sistema pode ocasionar uma absorção de energia, benéfica para o sistema osso-implante. A liga se responsabilizaria pelo amortecimento artificial, antes realizado pelo ligamento periodontal.

O objetivo deste trabalho é projetar e analisar um modelo tridimensional de um sistema implante/osso adjacente utilizando um programa de elementos finitos, quantificando a energia dissipada no sistema através das áreas das histereses na curva tensão versus deformação da liga superelástica (NiTi) e da curva força versus deslocamento do ponto de aplicação do carregamento. A medição de absorção de energia pelo sistema será a diferença da energia transmitida para o sistema no carregamento pela energia necessária para o descarregamento do mesmo. Será avaliado o efeito da dissipação de energia do material utilizado na confecção de abutments de implantes em conseqüência das forças aplicadas.

O fenômeno da memória de forma do material se dá quando o aquecimento de uma liga de NiTi leva à transformação da fase martensítica em fase austenítica. Materiais com memória de forma podem possuir comportamento superelástico, definido como a capacidade de retorno do material á sua forma de origem em uma temperatura constante e próxima à temperatura de completa transformação austenítica, mas somente pela eliminação da tensão que está deformando o material. Esse fenômeno é resultado de uma transformação martensítica induzida pela deformação do material.

Lagoudas et al. (2003) relatam que há uma dissipação de energia proporcionada pela transformação martensítica que pode chegar a valores muito altos, tais como de 80-90%. Este é um indicativo da possibilidade de se utilizar materiais superelásticos para a confecção de aparatos que tenham como função absorver de energia.

O sistema osso-implante é composto pelo osso de suporte (osso cortical e osso medular), o pino de implante, componente protético (abutment e parafuso do abutment), prótese implanto-suportada (coroa e copping) e as cargas. O modelo utilizado exclui o parafuso do abutment e a coroa dentária, que tornariam o problema mais complexo.

O osso cortical é a parte óssea com melhores propriedades mecânicas e onde o implante faz seu travamento mecânico. As tensões são menos dissipadas nessa região, o que pode explicar ocorrência de perdas ósseas. O pino de implante é o substituto da raiz dentária. Os componentes de prótese, também chamados abutments, que são os elementos intermediários entre o pino de implante e a prótese implanto-suportada; são fixados através de parafusos que se retêm na rosca interna do pino de implante.

O modelo computacional busca representar uma seção de mandíbula na região do primeiro molar. Esta é uma análise tridimensional e de geometria simplificada.

 

imagem 01 Figura 1 - Modelo: prótese e osso cortical e medular

 

Primeiramente foram obtidas as curvas força-deslocamento no ponto de maior deslocamento do abutment, com a utilização de titânio e NiTi. Depois as medições foram realizadas no ponto de aplicação do carregamento (que representa a energia total do sistema), onde a área do loop foi medida, obtendo-se a energia dissipada pelo carregamento e conseqüente descarregamento. A quantidade de energia absorvida no ciclo completo foi avaliada porcentualmente. A absorção de energia foi verificada, na ordem de 13%. Este valor não é elevado, mas justifica a continuação dos estudos através do aprimoramento do modelo e da abordagem do problema, bem como ajustes no projeto do implante.

NiTi tem um comportamento diferenciado em carregamento cíclico; portanto, um estudo dinâmico com ênfase na fadiga do material também deve ser desenvolvido para que seu uso continuado seja previsto. Segundo Nemat-Nasser et al. (2005), para ciclos de carregamento dinâmico, a capacidade de absorção de energia da liga tende a um valor estável em função do número de ciclos. A confecção de um abutment em NiTi pode ser um processo viável de absorção de impacto, e sua utilização clínica facilmente aplicável, pois o abutment seria compatível com sistemas comerciais de implantes já existentes.


EQUIPE: Vicente Tadeu Lopes Buono, Estevam Barbosa de las Casas, Ana Maria Gontijo Figueiredo, Édson Antônio Ferreira, Carlos Alberto Cimini Jr. e Ronan Almeida Faustino.



logo - Universidade Federal de Minas Gerais

 

logo - Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais





Valid XHTML 1.0 Strict

rodapé